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  • Foto do escritorMichelle Oliveira

Tudo que você queria saber sobre a retirada das amígdalas (amigdalectomia)

Atualizado: 10 de set. de 2020

- O que são amígdalas?


As tonsilas palatinas, também conhecidas como amígdalas, são massas de tecido linfoide que formam uma parte importante do nosso sistema imunológico. Localizadas bilateralmente na parte posterior da boca, as amígdalas palatinas entram em contato com vários microorganismos (vírus e bactérias) inalados ou ingeridos e outros materiais que podem ganhar exposição ao corpo pela boca, agindo como primeira linha de defesa contra eles.

- O que significa amigdalectomia?


A amigdalectomia é definida como o procedimento cirúrgico que remove completamente as amígdalas. É um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes para o médico otorrinolaringologista.

- Quando se deve fazer a retirada das amígdalas?


O seu médico, a partir da avaliação clínica individual, irá analisar se você precisa fazer a cirurgia de retirada das amígdalas. Todavia, existem alguns critérios que auxiliam o profissional nessa decisão:



Amigdalites (infecções das amígdalas) de repetição – Apesar de não haver consenso sobre a indicação de amigdalectomia por infecções recorrentes, geralmente se considera uma frequência de 7 ou mais episódios em 1 ano; 5 ou mais episódios por ano por 2 anos consecutivos; ou 3 ou mais episódios por ano, em 3 anos consecutivos.


Desses episódios cada um deve apresentar pelo menos uma das seguintes características: temperatura oral maior ou igual a 38,3°C, aumento de gânglios no pescoço, pus na garganta, cultura de secreção da garganta positiva para bactéria (estreptococo beta-hemolítico do grupo A), tratamento com antibiótico com cobertura para estreptococos.


Além da frequência, deve-se analisar a gravidade de cada episódio (se vem ou não associado à episódios de abscessos periamigdalianos), a repercussão no estado geral do paciente, a duração do processo infeccioso e consequentemente as faltas escolares e no trabalho; além da necessidade de internação hospitalar.


Abscesso periamigdaliano - Para muitos profissionais é indicação formal de amigdalectomia pelo alto índice de recorrência (10-15%). Por outro lado, diante de um primeiro episódio de abscesso sem história pregressa de amigdalites de repetição, deve-se avaliar bem risco e benefício.

Importante saber que, geralmente a cirurgia para remoção das amígdalas não deve ser realizada durante o processo infeccioso ativo.


Profilaxia (medida preventiva) para febre reumática - A realização de amigdalectomia para prevenção de febre reumática ainda gera muitas discussões. Alguns autores recomendam que se realize a cirurgia em pacientes que não conseguem realizar a profilaxia medicamentosa corretamente.


Aumento de volume unilateral ou suspeita de malignidade - Processos malignos envolvendo as amígdalas são geralmente secundários a linfomas em crianças e carcinomas epidermoides em adultos.


Alguns fatores de risco para a malignidade na amígdala são: história prévia de câncer de cabeça e pescoço, assimetria entre as amígdalas, lesão visível ou de consistência endurecida à palpação da amígdala, perda inexplicada de peso e a presença de massa no pescoço.


Amigdalite crônica / Halitose (mau hálito) - Considerar a severidade e o grau de alteração na qualidade de vida, para a indicação cirúrgica.


Portador crônico do Streptococcus pyogenes - O tratamento cirúrgico deve ser considerado quando na família houver casos de febre reumática, infecções de repetição e história de glomerulonefrite (inflamação nos rins). Nestes casos, o tratamento com antibióticos deve ser sempre a primeira opção no tratamento do portador crônico.


- Quais os riscos e complicações da amigdalectomia?


A amigdalectomia é uma cirurgia considerada de pequeno a médio porte, atualmente executada sob anestesia geral. Dentre as complicações, as mais frequentes são:

· Sangramento

· Dor

· Hiperêmese (vômitos)

· Desidratação

A dor pós-operatória é uma das queixas mais prevalentes, pelo fato de interferir na alimentação. Embora a dor e o desconforto possam dificultar o consumo de alimentos e bebidas, principalmente para crianças, é importante evitar a desidratação! Certifique-se de ingerir muitos líquidos ou oferecer uma bebida a seu filho com frequência. Água e sucos são boas escolhas após uma amigdalectomia. É provável que o seu médico sugira que você coma alimentos semi-líquidos ou pastosos como sopa morna, purê de batatas ou guloseimas como pudim, sorvete ou gelatina até que a dor diminua.

É importante se atentar ao fato de que reações aos anestésicos (medicamentos para fazer você dormir durante a cirurgia) também podem ocorrer, mas geralmente causam problemas menores e de curto prazo, como dor de cabeça, náusea ou dor muscular. Problemas sérios e de longo prazo são raros. O inchaço da língua e do teto macio da boca (palato mole) também pode causar problemas respiratórios (ronco, respiração ruidosa), principalmente nas primeiras horas após o procedimento.

- Há relação entre amigdalectomia e ganho de peso?


Segundo uma pesquisa recente sobre o assunto, publicada em uma renomada revista científica, as crianças submetidas à cirurgia apresentaram um ganho de peso após o procedimento, mas isso não aumentou a chance de sobrepeso ou obesidade após a cirurgia.

O ganho de peso também é complexo, com muitos fatores, incluindo mudanças na dieta, estilo de vida etc., que podem desempenhar um papel maior do que a própria cirurgia; portanto, é importante não se concentrar apenas no ganho de peso observado na amigdalectomia.

- Como é a recuperação pós amigdalectomia?


Os adultos geralmente se recuperam mais lentamente das amigdalectomias do que as crianças. As crianças tendem a ter menos dor uma semana após a cirurgia, enquanto os adultos tendem a sentir dor por cerca de duas semanas. As crianças também têm maior probabilidade de retornar a uma dieta regular mais rapidamente do que os adultos.

- Quais os benefícios da amigdalectomia?


Melhor qualidade de vida: A amigdalite pode ser dolorosa e frustrante. No entanto, uma amigdalectomia bem-sucedida pode melhorar sua qualidade de vida geral. O estudo “Long-Term Results From Tonsillectomy in Adults” constatou que os pacientes experimentaram melhorias em sua qualidade de vida 14 meses após a cirurgia.


Houve também uma redução no número de episódios de dor de garganta. Ao remover as amígdalas, você não deve mais sentir sintomas desconfortáveis, como dor de garganta relacionada à amigdalite.



Houve também uma redução no número de episódios de dor de garganta. Ao remover as amígdalas, você não deve mais sentir sintomas desconfortáveis, como dor de garganta relacionada à amigdalite.


Menos infecções: Como suas amígdalas serão removidas e sua saúde geral melhorada, aqueles que sofrem de amigdalite causada por bactérias devem ter menos infecções. Obviamente, você ainda estará em risco de resfriados e vírus, mas é menos provável que eles se transformem em infecções persistentes.



Menor uso de medicamentos: Se você tiver menos infecções por amigdalite, poderá receber menos medicamentos, como antibióticos. Embora os antibióticos tenham muitos benefícios, eles matam tanto as bactérias boas quanto as ruins. Outro benefício disso é que ao tomar menos antibióticos, você pode ajudar a reduzir sua resistência bacteriana a medicamentos para combater infecções.


Melhor sono: Quando suas amígdalas são infectadas, elas podem inchar ou aumentar. Isso pode atrapalhar o seu sono. A falta de sono pode fazer você se sentir cansado durante o dia e também pode ter um impacto negativo no seu humor.



Menos falta no trabalho ou na escola: A amigdalite pode ser bastante desconfortável, por isso não é de admirar que muitas vezes resulte em ausências na escola ou no trabalho. Após uma amigdalectomia bem-sucedida, você pode descobrir que terá menos tempo fora da escola ou do trabalho e nas atividades habituais do dia a dia pois não terá mais tantas infecções!


Lembre-se que todo caso deve ser individualizado e só quem poderá indicar essa cirurgia para você é o seu médico!



Tem mais dúvidas? Escreva nos comentários que responderemos!


Material produzido em parceria com Amanda Laina, acadêmica de medicina, pelo projeto Padrinho Med.

Referências:

1) BALLIN, Annelyse Cristine et al. Assimetria de tonsilas palatinas: experiência de 10 anos do serviço de otorrinolaringologia do hospital de clínicas da Universidade Federal do Paraná. Arquivos Int. Otorrinolaringol. (Impr.) [online]. 2011, vol.15, n.1 [cited 2020-07-15], pp.67-71. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-48722011000100010&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1809-4856. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-48722011000100010.

2) Levi J, Leoniak S, Schmidt R. Evaluating Tonsillectomy as a Risk Factor for Childhood Obesity. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2012;138(10):897–901. doi:10.1001/2013.jamaoto.252

3)Ao M, Deng J, Gao L, He G. A comparison between adults and children tonsillectomy with monopolar electrocautery. Lin Chung Er Bi Yan Hou Tou Jing Wai Ke Za Zhi. 2015;29(3):240-2

4)Tratado de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial – ABORL-CCF, 2ª edição, Editora. Rocca, São Paulo, 2011

5)Guideline IVAS – Infeccção das Vias Aéreas Superiores - Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico Facial. São Paulo, 2007.

6) Senska G, Atay H, Pütter C, Dost P. Long-Term Results From Tonsillectomy in Adults. Dtsch Arztebl Int. 2015;112(50):849-855. doi:10.3238/arztebl.2015.0849




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